A criação e o desaparecimento da memória formam o substrato sobre o qual a exposição individual de Lucas Cézar – ficou o que não sei – é montada, mas na forma de instalação poética.
Em cartaz a partir de dezembro de 2024, a instalação poética traz fotos analógicas, tecidos, envelopes e dramaturgias baseadas nas vivências e no corpo do jovem. Depois de 27 anos numa jornada de compreensão e autoconhecimento, ele se abre para o mundo.
Lucas se envolveu com o mundo artístico desde criança, pois participava de apresentações na igreja e teatro de rua. Natural de São José dos Campos/SP, mudou-se para o Rio de Janeiro em 2016 para cursar artes cênicas na PUC/Rio. Como conclusão da pós-graduação em Escritas Performáticas, o artista apresenta esta primeira instalação.
“O trabalho de Lucas não é linha reta, nem uma metamorfose completa. Mas uma aposta na constante mutação, na permanência em movimento. Um caramujo enovelado, uma volta pra dentro que se vira pra fora, uma torção. Lucas nos traz um quarto, seu quarto íntimo que se torce e se mostra, se desvela, um peito se abre, como ele diz”, explica Raissa de Góes, professora, escritora e artista plástica que acompanha o processo artístico do paulista.
Oriundo de uma família de baixa renda, o jovem LGBTQIA+ sempre se compreendeu como um corpo desviante. Para enfrentar essa situação, buscou na arte e na psicanálise o autoconhecimento, movimento que o fez se reconhecer e potencializar como artista.
A instalação é o resultado de questões que Lucas rumina desde que se mudou para o Rio de Janeiro, pois resgata suas lembranças infantis. A guia do processo é sua avó, Lídia de Oliveira. Ela costurou especialmente para a instalação uma colcha de retalhos. Este objeto ilumina o quarto, transformado num espaço de diálogo e reflexão com o público.
No espaço expositivo, as memórias dos visitantes e do artista entram em estado de confluência, gerando reconhecimento e identificação, surgindo e se desfazendo: nas palavras de Raíssa, “esse é o movimento de torção que o trabalho de Lucas traz: um quarto que é peito aberto. Uma ocupação do espaço que nos convida a costurar marcas e lapso de memórias, as imagens são dos guardados dele, mas o convite é para costurarmos essa colcha, também, com nossas linhas e nos convoca a assumirmos o gesto da tecelã”.
Ficha Técnica
Texto: Lucas Cézar, com participação de Lídia de Oliveira Orientação de Adriana Maciel, Raissa de Góes e Lia Duarte Mota
Expografia: Marisa Rolón
Montagem: Cleiton Almeida, Ana Paula Rolón, Livia Vreuls e Lucas Cézar
Assessoria de Imprensa: Luís Gustavo Carmo
Designer do Programa: Vitor Moniz
Catering Abertura: Bruno Araújo
Realização: APALAVRIMAGEM
Apoio: Mani Gráfica e Editora e Diplomata Papéis
Apoio Institucional: Espaço Sérgio Porto, Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro
Informações ficou o que não sei
Local: Teatro Sérgio Porto – Humaitá
Data: 13 a 15 de Dezembro e de 08 a 26 de Janeiro • Quarta a Domingo -16:00 h às 21:00 h
Valor: Entrada gratuita